Vou começar agradecendo à Getup, que mantém o Kubicast há 6 anos funcionando e continua patrocinando essa iniciativa de fomentar e compartilhar conhecimento em português sobre cloud native com a comunidade brasileira.
Neste ano tivemos a grata surpresa de ser aceito na Kubecon como parte da mídia, um feito que não seria possível sem o apoio do Juraci, ele que é um cara incrível e tem contribuído de forma incessante na comunidade brasileira principalmente com observabilidade, se você não conhece, corre lá para mais doses de telemetria. Ainda sobre essa experiência tão diferente, de fazer parte da mídia da Kubecon, tive acesso às mais diversas informações que são compartilhadas com antecedência e pude me preparar para acompanhar e compartilhar da melhor forma com todos vocês. Como bônus de tudo isso, tive ainda uma sala reservada para o Kubicast durante 1 dia completo para gravação de diversos episódios e um ponto de encontro para nós brasileiros.
Esta foi realmente uma semana de realizações, submeti 2 talks para a Kubecon, porém não fui aceito, o que é comum para quem vai falar pela 1º vez, além da concorrência em assuntos de segurança em Kubernetes ser grande, porém para minha alegria e posterior desespero e ansiedade, fui aceito para falar no Cloud Native Rejekts; um evento animal que acontece 2 dias antes da Kubecon, extremamente técnico e que mantém o estilo de comunidade. Esta foi a primeira vez que pude apresentar em inglês, e recebi ótimos feedbacks. Confesso que não foi nada fácil enfrentar uma platéia de pessoas que são meus ídolos na comunidade e que falaram antes, sobre assuntos muito difíceis até para acompanhar.
Na minha talk, tive a oportunidade de compartilhar sobre o uso de CEL (common expression Language) em Validation Admission Policy no Kubernetes e como proteger centenas de nodes de uma só vez. Essa foi uma chance de também poder mostrar o CEL PLAYGROUND, que no dia anterior já tinha sido citado pelo Marcus Nouble em sua apresentação sobre policies e mutating em Kubernetes. Se você ainda não conhece e gostaria de aprender mais, segue aqui um webinar mais completo que fiz recentemente. (LINK)
Para fechar essa longa introdução e tantas conquistas, recebi o reconhecimento de top 50 líderes da Thinkers360, quem diria que tanta coisa poderia acontecer em apenas uma semana? Esta foi uma grata surpresa, pois a liderança é das habilidades que considero mais fraca, mas de qualquer forma, sou grato ao time de especialistas da Getup que confiam na minha liderança, sejam os véios de operações ou a genZ na Undistro. Um recado: se você faz parte da Getup e está lendo este texto, você faz parte dessas conquistas, eu sou só o palestrinha!
Bom, nem só de emoções vive o mundo cloud native, então, bora para o papo nerd!
Quero compartilhar alguns destaques especiais ainda não citados no Kubicast e nos resumos com a turma ao longo da conferência.
No primeiro dia, ou dia de co-located events, eu estive em algumas talks da Multi-TenancyCon, que abordava alguns termos de plataforma e ambientes multi-aplicação, onde você tem não apenas usuários e aplicações mas workloads completamente diferentes, compartilhando um mesmo cluster, o que exige diversas configurações, principalmente aquelas voltadas à padronização, segurança e isolamento. Dentre estes temas eu destaco a atenção a segurança quanto ao “movimento lateral” dentro do cluster que pode ser controlado de forma clara com Network Policies, que já é integrante da maioria dos CNI, como Cilliun que ganhou grande evidência na Kubecon devido ao uso de ebpf e evangelismo por parte da Isovalent.
Quero destacar aqui também o painel presidido pelo Kelsey Hightower com representantes de Venture Capitals para uma discussão muito boa sobre o que eles procuram em startups para investir e o que encontram. Vale muito a pena conferir, não me atrevo a resumir, mas a afirmação que ficou em minha mente foi sobre vendas de uma forma ampla, seja de seu produto diretamente, sua carreira, suas conquistas e seu time, aqui o link da apresentação (LINK)
Claro que eu não poderia deixar Inteligência Artificial de fora, este foi “O” grande tema desta edição. Algo que encontrei de muito relevante foi a necessidade permanente de infraestrutura, bem diferente do que muitos vinham falando sobre o possível controle e substituição das pessoas por IA; IA ainda precisa de muita interação humana e suporte para crescer e evoluir antes de chegar no T-800. Um projeto que ganhou minha atenção foi o Karmada, este parece ser a 3ª tentativa de federação de clusters em Kubernetes e além de conhecer o projeto, tive a chance de ver alguns cases como o da Adobe, controlando diversos clusters de forma centralizada. A Nvidia falou de GPU por todo canto e esta ainda é a grande questão do tema, talvez pela escassez de recursos ou pela complexidade e é nesse momento que o projeto Volcano ganha destaque. Este projeto gerencia as tasks de LLM no cluster e permite a integração com o Karmada. Um ponto importante que a Oracle trouxe em sua keynote foi o uso de CPU para workloads de IA, indo contra a correnteza ela tem ótimos pontos como o baixo custo monetário, a abundância de recursos e, com a popularização do uso de ARM, conseguir rodar workloads com cargas mais estáveis e ainda de quebra com uso mais eficiente e sustentável de recursos. Dentre os muitos projetos de IA eu vou destacar aqui o KAITO (Kubernetes AI Toolkit Operator), acesse aqui e saiba mais. (aka.ms/KAITO)
Outro tópico que chamou a atenção são os big numbers e como devemos nos preparar para a demanda do mercado cloud native. De $547 Bilhões de valor aproximado em 2022, o mercado Cloud Native tem previsto um crescimento para 2029 de quase 4 vezes, algo em torno do valor de $2.3 Trilhões. Um número muito expressivo e que traz consigo alguns temores, como a quantidade de recursos, uso eficiente de máquinas, energia e também a capacitação da quantidade de profissionais necessários para alcançar esta meta, sobre este último, bati um papo muito importante com a Linuxtips aqui neste Kubicast, direto de Paris!
Tivemos ainda o reconhecimento do CERN como o maior contribuidor de projetos da CNCF e eles puderam compartilhar como abandonaram o desenvolvimento massivo de software “in-house” para a contribuição e uso de projetos open source, percebendo que nem mesmo eles tinham workloads tão únicos assim que justificassem essa abordagem. Isto me leva também a uma chamada para você leitor, contribuir com a comunidade, independente da forma, Conheça o novo programa “Zero to Merge” para contribuições aqui: (LINK)
Um último destaque é a quantidade de soluções integradas ou exclusivas para otimização de custos, independente do mercado ou workload que esteja inserido, reduzir custos é sempre uma premissa, mas também uma questão complexa. Alguns projetos já conhecidos continuam ganhando espaço, como o Kubecost, mas vemos outras plataformas como cast.ai e a DB systel que também compartilhou dicas básicas com a utilização de VPA no auxílio de definição de recursos.
E um easter egg é que gravei um fechamento especial para você que está lendo este artigo até aqui:
Claro que eu não teria como cobrir toda a conferência, mas consegui reunir uma quantidade incrível de brasileiros por lá e compartilhamos MUITOS insights no Kubicast, então, corre lá, assista, ouça e compartilhe também!
https://getup.io/en/blog/maratona-kubicast-kubecon-paris-2024
Pra terminar, com a Kubecon sendo em Paris claro que aproveitei e fui dar um pulo na Torre Eiffel, a vista de lá de cima é muito top, passei no Museu do Louvre para ver algumas teorias da conspiração em pinturas e a foto 3x4 da monalisa e dei uma corrida até o arco do triunfo para encerrar essa empreitada com este sentimento de missão cumprida!